sábado, 28 de janeiro de 2012

Um mineiro de muita sorte



Um mineiro de muita sorte - Luiz Ribeiro -“Eu não sou uma pessoa espiritualizada. Mas o que aconteceu foi um acaso, um acaso que me salvou de uma tragédia. Então, se existe alguma coisa mesmo, esta coisa me salvou.” As palavras são do cineasta mineiro Alberto Graça, que escapou por pouco da tragédia ocorrida na noite de quarta-feira, quando três prédios desabaram no Centro do Rio de Janeiro. Alberto Graça, que é natural de Montes Claros (Norte de Minas), trabalhava no Edifício Colombo, um dos prédios que veio abaixo. A produtora dele ocupava dois andares do edifício (o quinto e o nono). Ele conta que deixou o prédio às 20h05 e o desabamento ocorreu 20 minutos depois.
Em entrevista ao Estado de Minas, o cineasta disse que não acredita em superstição ou em algo que possa dar sorte. “Não acredito nas bruxas, mas que elas existem, existem”, afirmou, repetindo um provérbio espanhol: “Y no creo en brujas, pelo que has hay, has hay. O cineasta, que, entre outros, é autor do filme O dia da caça, relata que trabalham em sua produtora cerca de 40 profissionais, mas que, este mês, apenas 27 estavam em atividade. Por sorte, todos eles tinham saído da produtora na noite da tragédia. Alberto foi o último a deixar o prédio e conta que na noite de quarta-feira sua filha, Isabela, que o auxilia, estava na sede da produtora, mas que saiu mais cedo para jantar, por volta das 19h45. “ Fui embora logo depois. Quando estava perto da minha casa, no Bairro do Flamengo, recebi um telefonema de uma amiga, que dizia que tinha ouvido pelo rádio que três prédios haviam desabado no Centro da cidade. Ao entrar em casa, vi pela televisão que os edifícios ficavam perto do Theatro Municipal, ao lado da minha produtora”, lembra.
Alberto Graça diz que imediatamente retornou para o local e confirmou que o prédio onde trabalhava se transformara em um monte de escombros: “Vi muita gente espantada, mas, ao mesmo tempo, muita disposição dos bombeiros, que se arriscavam no meio dos escombros, tentando localizar os sobreviventes. Presenciei também a emoção das pessoas”. Ele lembra que a tragédia poderia ter alcançado proporções muito maiores. “Imagine, por exemplo, se os prédios tivessem caído às 15h? Seriam cerca de 400 mortos”, observa, revelando o número de pessoas que trabalhavam nos prédios.
Imaginação e criação Alberto Graça conta que perdeu equipamentos (cerca de 40 computadores), projetos, textos e roteiros de filmes, seriados e documentários, que estavam nos arquivos. “Perdi todo o meu escritório, mas, como trabalho com ideias, imaginação e criação, acredito que tudo possa ser recuperado.” O cineasta contou também que foi até o local dos escombros e conseguiu recuperar alguns equipamentos.
Ele estava participando do projeto do longa-metragem Território íntimo, uma coprodução brasileira e espanhola. Trata-se de um filme que conta a história de um casal fazendo uma reflexão sobre o ciúme e sua influência no relacionamento. As filmagens estavam previstas para setembro, na Espanha. “Depois de tudo que aconteceu, acredito que poderá ocorrer algum atraso, mas que não vai atrapalhar o projeto”, disse o cineasta, que, ontem, já procurava um outro local para montar o novo escritório da sua produtora.




Fonte: Estado de Minas BH

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